Além do consultório: Whatsapp também conecta
médicos e pacientes
Usado para quase tudo, desde trocar mensagens com amigos e familiares até encomendar gás de cozinha, o Whatsapp também vem contribuindo para aproximar quem antes só dialogava e trocava informações nos consultórios. Com o app de mensagens, pacientes hoje conseguem agendar consultas e até tirar dúvidas com seus médicos longe de clínicas ou hospitais, e em tempo real.
Um adepto do app no contato com os pacientes é o endocrinologista Mário Quadros, que considera vital um canal de acesso direto entre médicos e seus atendidos. “Principalmente em casos como o de grávidas, diabéticos ou obesos mórbidos, que precisam de um contato fácil se tiverem qualquer problema de saúde que exija atenção”, assinala ele, destacando a importância da resposta rápida ao paciente. “Problema adiado é problema dobrado”.
O app oferece ainda mais dinamismo no acompanhamento de pacientes crônicos. “Se eu troco a insulina de um paciente diabético, preciso ter um retorno rápido dos resultados desse paciente. Nesse caso, peço a ele para coletar dados por uma semana e me mandar os dados via Whatsapp, e já ajustamos a dose da medicação”, exemplifica ele.
Superando distâncias
Entre dúvidas sobre medicações, problemas de saúde e outras, Mário Quadros contabiliza uma média de 12 mensagens por dia recebidas de seus pacientes, incluindo pessoas que vivem em cidades do interior. O acompanhamento via app permite que eles tenham orientação rápida para lidar com problemas e até garante que recebam o tratamento adequado.
“Se o paciente diabético tem uma ferida no pé, ele faz foto e me manda, e se o médico no interior lhe passa receita, peço para me enviar uma imagem, para não receber o remédio trocado”, diz.
Um dos pacientes de Quadros que vive longe de Manaus é Alverina Luiza Campos, de 88 anos. Moradora de Cujubim (RO), a oito horas de barco de Ji-Paraná (RO), há um mês ela escreveu a Quadros para relatar uma infecção renal. A troca de mensagens é intermediada pela neta, Elma Vieira Costa, que vive em Manaus e que repassa os resultados dos exames da avó ao endocrinologista.
“Ela conversa com ele e me repassa ao mesmo tempo. Na última vez ele disse que ela poderia precisar ser internada dependendo do resultado do exame. Ontem (segunda) mesmo passou a resposta, dizendo que não seria necessário, felizmente”, conta Elma.
A neta conta que antigamente D. Alverina vinha três vezes por ano a Manaus para se tratar. “Hoje ela vemuma vez ao ano para se consultar pessoalmente”, diz.
Praticidade
O aplicativo não traz mais comodidade apenas para quem vive no interior. Outra paciente de Quadros, Andreza Barbosa, 37, usa o Whatsapp para marcar consultas com o médico e com outros especialistas de sua clínica, e para tirar dúvidas sobre alimentos ou treinos.
“Antes não havia essa facilidade. Era preciso pagar uma consulta e esperar o retorno para tirar dúvidas. Hoje é mais dinâmico, facilita a nossa vida”, comenta ela, contando sempre ter tido abertura para contatar o médico. “Mas prefiro falar com a secretária, que passa minha dúvida a ele entre uma consulta e outra. E nunca cheguei a mandar mensagem fora do horário comercial”, restringe.
Ao contrário de Andreza, há quem faça mau uso do app, enviando mensagens pessoais ou até tentando se consultar diretamente pelo smartphone. “Fazer consultas pelo Whatsapp não se recomenda”, diz Quadros.
Mau uso à parte, o especialista enfatiza sua defesa do aplicativo para superar os limites do consultório. “Considero um excelente instrumento que aproxima a gente do paciente”, diz.
“E há uma democracia nele, pois posso falar tanto com uma pessoa importante de Manaus quanto alguém no interior. Geograficamente eles estão longe, mas o Whatsapp nos aproximou”.
EM NÚMEROS
100+ milhões de pessoas utilizam o Whatsapp para se comunicar. No mundo, o app tem 900 mi usuários ativos.
BUSCA RÁPIDA: Ferramenta
O WhatsApp é usado por profissionais de saúde tanto para conversar com seus pacientes quanto participar de discussões com outros profissionais. Segundo pesquisa feita no final do ano passado, 87% dos médicos no Brasil usam o app para conversar com pacientes.
O Conselho Federal de Medicina recomenda aos médicos evitar realizar consultas via redes sociais, Whatsapp inclusive. “A evolução do paciente deve ser avaliada melhor com a presença dele”, assinala o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas.
Mesmo não amparada, a prática ainda assim não é alvo de proibição, tanto mais se não não há benefício para o médico e se há consentimento do paciente.
Por outro lado, o uso das redes sociais é vetado para a difusão de mensagens de divulgação médica indevida, assim como de selfies em ambiente profissional com caráter de autopromoção, entre outros casos, segundo a resolução 2.126/2015 do Conselho.